4 ações vitais para otimizar a logística da colheita de cana, maximizar a eficiência e reduzir os custos

O setor sucroenergético tem muito a comemorar, especialmente no cultivo e colheita da cana de açúcar. Com o advento da tecnologia a modernidade tem chegado ao campo e trazido mais eficiência, comodidade e economia para as atividades agrícolas.

A mecanização de 97% das lavouras (região centro-sul), mais os fenômenos como internet das coisas (Iot), big data, telemetria e outras, tem contribuído exponencialmente para melhorar o rendimento do plantio, qualidade em tratos, maximização da produtividade da colheita e longevidade do canavial.

Estima-se que a moagem de cana-de-açúcar no Brasil para a safra 2018/19 deva ser de 610 milhões de toneladas (USDA). Produção que gera um dos maiores faturamentos do campo: mais de R$ 52 bilhões. E além disso, nas lavouras e usinas, mais de um milhão de pessoas estão empregadas.

Conhecer os caminhos para fazer uma boa gestão do campo a usina é sem dúvida o caminho certo para aqueles que querem reduzir custos e extrair o máximo do potencial de suas propriedades. E para isso, ter uma visão integrada da produção canavieira é a grande sacada e a que se destina esse ensaio.

Leia até o fim e se surpreenda como temas atuais e relevantes para otimizar a logística da colheita e levar o negócio a um outro nível.

Abordarei com riquezas de detalhes os seguintes itens:

  1. Entre na era da agricultura 4.0: o que é e quais tecnologias estão ä disposição;
  2. Canavial: o que fazer para maximizar a colheitabilidade e longevidade;
  3. Como maximizar eficiência e reduzir custos no CTT – Corte, Transbordamento e Transporte;
  4. O “pulo do gato” não só para otimizar as operações de logística de cana, mas também para figurar entre os grandes.

 

1 – ENTRE NA ERA DA AGRICULTURA 4.0

“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”. Klaus Schwab.

A afirmação de Klaus Schwab nos apresenta a 4ª revolução industrial, ou indústria 4.0. Momento que traz mudanças transformadores para sociedade e impacta nosso estilo de vida. Combinando fenômenos como a internet das coisas, impressão em 3D, Big Data, rádio frequência e outros, moldando uma nova era no campo.

Na indústria 4.0 com seus sensores e sistemas de controle permitindo que as máquinas se mantenham conectadas a diversas plantas, redes, máquinas, seres humanos e etc. Exigirá uma agricultura no mesmo viés: conectada, tecnológica, rápida e inteligente.

A agricultura 4.0 coloca à disposição do campo:

  • Dispositivos móveis leves e que cabem na palma da mão;
  • Torres de transmissão nas fazendas ofertando conexão inteligente e em alta velocidade entre máquina, tecnologia e pessoas;
  • Internet das coisas (IoT) como pilares para a agricultura de precisão, integrando diversas informações do como: localização geográfica, previsões meteorológicas, dados do solo, dados das máquinas em atividade;
  • Sensores que conseguem avaliar a umidade, a compactação, a fertilidade e a temperatura das plantas, além de dados meteorológicos, localização de ervas daninhas e infestação de doenças e pragas.
  • Drones: os chamados VANTs (Veículos Aéreos não Tripulados) que conseguem identificar pragas e doenças, além de localizar deficiência nutricional em partes específicas da lavoura;
  • Aplicativos que reproduzem virtualmente o cenário da lavoura;
  • Sistemas de radiofrequência;
  • Controle remoto de máquinas autônomas por telemetria que traz economiza tempo, combustível, desgaste nos veículos e etc.

Adotar soluções que proporcionam a visão completa das operações agrícolas, otimizando continuamente os processos, maximizando os recursos e aumentando os lucros e que podem revolucionar a comunicação entre o campo e o escritório é vital.

Os dados coletados oferecem ao time de planejamento estratégico informações relevantes para tomada de decisões. Conhecer quais são as principais novidades e os pilares mais importantes para a agricultura de precisão, é uma obrigação para todo produtor que deseja ter resultados extraordinários.

Bem vindo a era da agricultura 4.0!

 

2 – CANAVIAL: O QUE FAZER PARA MAXIMIZAR A COLHEITABILIDADE E LONGEVIDADE

Antes de falar em eficiência da colheita é preciso falar primeiro sobre performance e qualidade do plantio. Onde a produtividade e longevidade da cana estão atrelados a fatores como: Irrigação, variedades produtivas, nutrição adequada, controle correto de pragas e plantas daninhas.

Ações que levam a um TCH (tonelada de cana por hectare) de três dígitos. O que deve ser o foco, pois é o que vai garantir melhor produtividade e consequentemente mais cana para colher e assim diluir os custos.

Além disso, para que a produtividade possa ser explorada, faz-se necessário adotar o uso de práticas modernas de sucesso e tecnologias que fazem diferença, buscando as melhores padrões de cultivo, desde:

  • Preparo de solos; traçado dos talhões; sistematização inteligente que diminua a quantidade de manobra (evitando o pisoteio) e proporcionando tiros maiores melhorando a colheitabilidade e maior desempenho das máquinas, garantindo longevidade ao canavial e reduzindo os custos.

Recuperar a produtividade média dos canaviais, que vem caindo ao longo dos anos, deve ser pauta da agenda principal de qualquer usina.

E, para isso será preciso ter uma nova gestão com manejo avançado de variedades de maior potencial biológico com conceitos de ambiência (integração de diversas técnicas nutricionais associadas as de proteção), plantio na hora certa e o uso de todas as tecnologias existentes para tratos, bem como assertividade do período ideal para a colheita.

 

3 – COMO MAXIMIZAR A EFICIÊNCIA E REDUZIR CUSTOS NO CTT -CORTE, CARREGAMENTO E TRANSPORTE

O CTT, acrônimo que remete a Corte, Transbordamento e Transporte é uma operação vital e crítica para o agronegócio, pois representa cerca de 28% do custo da tonelada da cana de açúcar e 10% de cada saca.

Com o advento da colheita mecanizada, produção e a logística passaram a andar de mãos dadas: uma dependente da outra. Mas não só a logística de transporte, ou seja, os canavieiros que coletam a cana nas fazendas, mas principalmente a micrologística da frente de colheita que contempla o corte e o transbordamento da cana nos caminhões canavieiros.

Colhedoras e tratores (ou caminhões) transbordos são o que ditam o ritmo da usina. Claro que o push feito pelos caminhões é vital, no entanto, se a fonte produtiva não for um “reloginho”, as máquinas e equipes poderão ficar ociosas, provocando oscilações no abastecimento de matéria prima, afetando diretamente a linearidade industrial e consequentemente minando os custos.

Para uma operação eficiente, otimizada e com qualidade é preciso olhar para a tríade: canavial (TCH), velocidade e tempo de corte — a equação ideal para eficiência produtiva e manutenção da moagem.

Para isso, tecnologia embarcada, processos bem definidos e pessoas capacitadas para realizar a gestão e tomar decisões assertivas e em tempo oportuno é o segredo.

Foque em:

Controlar velocidade das colhedoras: determinar a velocidade alvo depende de um tripé: segurança, longevidade do canavial e qualidade da matéria prima. O que leva a avaliação de variáveis como: espaçamento entre linhas, declividade do terreno e condições do solo. Avalie as características do local, defina a velocidade alvo e monitore se a velocidade está constante.

Horas de corte: essa é a segunda e uma das mais importantes variáveis da produtividade. Maximizar as horas de corte é que garantirá mais toneladas colhidas com o mesmo equipamento em um só dia. Com equipamento moderno de mais de um milhão e 24 horas no dia: não dá mais para aceitar apenas 12 horas de produtividade não é mesmo?!

Controlar bem os tempos como manutenções: preditivas, preventivas ou corretivas. Horas perdidas como: falta de caminhão e transbordos ou operações auxiliares: lavagem, limpeza, checl-list, troca de turno, mudanças de área, refeição, troca de faquinhas e facão, é o maior desafio.

A gestão deve buscar minimizar ou encaixar essas operações “uma na outra”, por oportunidade, maximizando assim as horas produtivas.

Tratores transbordos: para maximizar a eficiência destes equipamentos, quero destacar alguns pontos importantes:

  • Velocidade de rodagem: assim com as colhedoras e caminhões deve-se estabelecer velocidade ao de rodagem. Sugestão utilizada pelo mercado: 14km vazio e 12km carregado (desde que o terreno permita);
  • Utilização de FUT (fila única de transbordo): alocação de transbordo na colhedora via tecnologia. O que permitirá inclusive dimensionamento mais enxuto da frota;
  • Ocupação da capacidade total do transbordo;
  • Distância mínima (ideal) entre principal área de corte x ponto de transbordamento, evitando dispersão ou longas distância a serem percorridas.

Caminhões: os caminhões canavieiros pela característica da operação são dedicados. Há tempos já se compreendeu que não faz sentido ter frota própria, visto não ser esse o Cor business das usinas. O contrato deve ser bem elaborado e a operação eficiente para que não haja perdas.

Mantenha o foco em:

  • Utilização da capacidade máxima permitida;
  • Controle de velocidade de vazio e carregado;
  • Raio médio de coleta de matéria prima.

Atrelado a conceitos de caminhão escravo para tombamento no hilo, pátio de engate e desengate em leiaute inteligente e controle de paradas para refeição, abastecimento, manutenções e etc.

 

4 – O “PULO DO GATO” NÃO SÓ PARA OTIMIZAR AS OPERAÇÕES DE LOGÍSTICA DE CANA, MAS TAMBÉM PARA FIGURAR ENTRE OS GRANDES

Ainda que se tenha as melhores tecnologias existentes no mercado, ou mesmo que a empresa faça benchmarks; conheça, pesquise, desenhe e padronize todos os processos que permeiam as atividades agroindustriais; se as pessoas não forem as melhores, tiverem resistência a tecnologia ou aos processos; nada vai mudar.

Os custos continuarão ruins, os processos inseguros e a qualidade duvidosa.

No setor ainda há uma grande carência de profissionais com skills específicos em: gestão de processos, pensamento crítico, pensamento inovador e liderança de pessoas.

O futuro chegou ao campo, mas ainda é preciso desenvolver lideranças que tenham uma caixa de ferramenta mais completa; recheadas de acessórios para o presente tempo, que é tecnológico, colaborativo, intergeracional, mas acima de tudo humano.

Gente sempre foi, é, e continua sendo o maior desafio de qualquer organização. Diferente de uma colhedora que se paga mais de um milhão e vem com manual técnico, o ser humano vem sem manual. É difícil de mexer, de mover, de comover.

Tem sentimentos, cultura, desconfiança, implicância. Só de pirraça não ajuda, não faz, não informa, desinforma.

Diante de um cenário como o que vivemos; uma era de mudanças; não hesite em criar programas para impulsionar as habilidades de liderança, fazer gestão da mudança e dos conflitos, reforçar políticas e melhorar o clima organizacional.

Clientes são pessoas, funcionário são pessoas, os acionistas são pessoas. Ou seja, no fim, tudo tem haver com gente.

“O pessimista reclama do vento, o otimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas”

 

Bora ajustar as velas?

Até a próxima!

Achiles Rodrigues

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